Servidores do Senado passaram 1 ano viajando de avião desde 2004.

Um grupo de servidores do Senado, incluindo um diretor, consumiu um ano viajando pelo Brasil custeados com dinheiro público desde 2004. Os funcionários são membros da comissão especial responsável pela participação da Casa em feiras de livros. Os escolhidos, divulgados anualmente, costumam ser os mesmos. O coordenador é Júlio Werner Pedrosa, diretor da gráfica do Senado, local onde o ex-diretor-geral Agaciel Maia começou a trabalhar e montou seu grupo político. A soma das diárias recebidas pelo colegiado do Senado revela que Pedrosa passou pelo menos um ano em viagem pelo país desde 2004, assim como outros colegas da gráfica que participam da comissão. As despesas com a comissão especial de livros neste tipo de evento chegam a pelo menos R$ 550 mil em mais de duas mil diárias pagas, entre R$ 200,00 e R$ 300,00 cada, nos últimos cinco anos.

Reportagem de hoje do jornalista Leandro Colon, do Correio Braziliense, que utilizou dados levantados pelo Contas Abertas, mostra que essa comissão ganhou o apelido de “farra do livro” dentro do Senado. A matéria não contabiliza os gastos do colegiado com passagens aéreas pagas pelo Senado, pois os valores não são revelados. Na última terça-feira, o primeiro-secretário, Heráclito Fortes (DEM-PI), nomeou a “nova” comissão, com o mesmo presidente anterior, Júlio Pedrosa.

Em 2006, por exemplo, Júlio Pedrosa recebeu 105 diárias, o equivalente a mais de três meses fora de Brasília. O valor repassado para as despesas somou mais de R$ 22 mil. No ano passado, o Senado pagou 48 diárias para o servidor comparecer, entre abril e novembro, a Aracaju, Belo Horizonte, Porto Alegre, São Paulo, Ceará e Rio de Janeiro. Ele só não passou mais tempo fora de Brasília, em 2008, que outros dois membros da comissão: Anand Rao Adusumulli e José Carlos Britto Gomes, ambos com 82 dias (veja tabela). Os três, que estão na média de um ano de viagem em cinco de trabalho, fazem parte da comissão de seis servidores que vai administrar a participação do Senado nas bienais em 2009. Os outros são Arnóbio Santos Neto, Joaquim Campelo Marques e Jacqueline Aguileras Maffias, que também viajam pelo país.

Nas feiras, o Senado costuma montar grandes estandes para vender e lançar os livros produzidos pela gráfica da Casa. Segundo o Correio Braziliense, em 2008, por exemplo, R$ 400 mil foram gastos para custear a estrutura de eventos deste porte. A participação nas exposições era uma das bandeiras de Agaciel Maia, exonerado do cargo em março após suspeita de ocultar uma mansão de R$ 5 milhões em um bairro nobre de Brasília. Até o ano passado, ele escolhia os locais onde o Senado iria se apresentar.

Em uma das ocasiões, em outubro do ano passado, a Casa lançou na feira de livros de São Luís, capital do estado de origem do atual presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), a obra “Os Papagaios Amarelos”, de Maurício Pianzola, sobre a chegada dos franceses à ilha. Na época, Agaciel exaltou a participação do Senado no evento. “Cumprimos nosso dever de sempre estar próximo à população”, disse.

A reportagem do Correio Braziliense procurou os servidores citados por meio da Secretaria de Comunicação Social do Senado. Por escrito, perguntou quais os critérios adotados para a escolha dos integrantes da comissão, como é feita a distribuição das diárias e a escolha das cidades escolhidas. No entanto, segundo o jornal, até o fechamento da matéria a secretaria não se manifestou. Por telefone, o servidor e integrante da comissão Anand Rao afirmou que caberia a Júlio Pedrosa dar explicações. Porém, o diretor da gráfica tem se recusado a dar entrevistas.
fonte: contas abertas