terça-feira, 15 de setembro de 2009

Sr. Alcindo, 79 anos. Renda: 121,00

O Sr. Alcindo faz um pouco de tudo, aprendeu a "se virar" como ele mesmo diz desde os 8 anos quando perdeu o pai e passou a ajudar a mãe levando as roupas lavadas e passadas aos clientes dela.Não conseguia estudar, ou trabalhava ou estudava, deve ter sido a escolha certa à época.Passaram-se os anos a Dna Marcota (sua mãe) morreu e o Alcindo ficou com a irmã Celina para cuidar, coisa meio injusta eles x o mundo. O pai? sumiu havia muito tempo, coisa de covarde mesmo.Com seu esforço de aprendiz de padeiro, ajudante em marcenaria, entregador de jornal foi levando a vida e a irmã a tiracolo.Pensou: "Não vai dar para ser sempre assim".Entrou em um curso profissionalizante em elétrica e saiu como"Seu Alcindo Eletrecista.Por ser uma pessoa extremamente amável e muito competente (eu atesto isso), começou a ser chamado para fazer vários trabalhos em elétrica, casas, escritórios, comércio.Seu Alcindo até contratou um ajudante, o Messias ( que ficou com ele até o fim de sua vida, Messias morreu há 5 anos).A Irmã Celina, que foi criada por Alcindo se formou no normal, casou-se e deu aula a vida toda, está ainda feliz.E o Seu Alcindo?Trabalhou mais de 50 anos, aprimorou-se em Elétrica, fazia até instalações pequenos projetos para quem acreditasse nele.Hoje, com 79 anos (parece que tem 55), tem aposentadoria sim, claro, contribuiu a vida toda. O duro é o contra-cheque, soma no total, R$ 121,82, com descontos que tem.Seu Alcindo me ajuda em um monte de coisas e demais pessoas que adoram o Seu Alcindo, claro que com isso ele complementa a sua renda, mas onde é que enxergo a justiça nisso, um senhor de 80 anos trabalhar feito um louco para se sustentar. Muitos devem perguntar depois de ler isso: Caramba, pq o Walter escreveu isso? É coisa tão normal...Tá cheio de aposentado que precisa trabalhar para sobreviver.Não pessoal, não é normal não.

Um comentário:

  1. As pessoas costumam achar as maiores dificuldades muito normal, desde que não seja com elas.

    Estive internada nesses últimos dias. Muito normal. Mas interessante mesmo foi, no primeiro dia, conversar com uma técnica em enfermagem e falar sobre a Marlinda. Ela simplesmente me disse que não sabia quem era Marlinda.

    Dei a ela uma sugestão: nunca mais deixe de saber quem são as pessoas que trabalham no mesmo lugar que você, limpando o seu ambiente de trabalho.

    Esses cinco dias de presídio serviram de aprendizado. Só não consegui descobrir como faz uma pessoas que, como o Sr. Arlino, não tem condições de ter um plano de saúde decente.

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